SIMULADO SARESP 9ºANO - PORTUGUÊS

Professor Diminoi
SAREP/9º ANO
01) (SIMULADO SARESP – 9º ANO)
                                            – Este DOUTOR tão feliz,
                                            Que segue tão satisfeito,
                                            Que vai fazer, não me diz?
                                             – Dar cabo de algum sujeito.
Alphonsus de. Poemas Reunidos 1935-1960.
São Paulo: Editora Livraria José Olympio, 1960. p. 561.
Para construir um efeito de humor no poema, o poeta faz uso de
(A) uma expressão idiomática.
(B) uma seleção de rimas perfeitas.
(C) uma frase de duplo sentido.
(D) uma construção intertextual.
Resolução:
É importante observar no verso que a alegria do doutor contrasta com a intenção de alguém que segue seu caminho para “dar cabo de algum sujeito”. A expressão “dar cabo” é uma expressão idiomática
Alternativa: A

02) (SIMULADO SARESP – 9º ANO)
O Bicho
                            Vi ontem um bicho
                             Na imundície do pátio
                            Catando comida entre os detritos.
                            Quando achava alguma coisa,
                            Não examinava nem cheirava:
                            Engolia com voracidade.
                            O bicho não era um cão,
                            Não era um gato,
                            Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
No poema, observa-se que a palavra bicho é utilizada em sentido figurado porque refere-se a
(A) um homem com transtornos mentais que imitava um bicho.
(B) um homem que era morador de rua e que vivia com os bichos.
(C) um homem faminto que se comportava como se fosse um bicho.
(D) um homem pobre que demonstrava ser tão agressivo quanto um bicho.
Resolução:
A partir dessa informação em seu repertório pessoal, pode então analisar a comparação que o poema faz entre o homem descrito e o comportamento de um bicho. Um bicho come vorazmente.
Muitos procuram comida no lixo. No poema, o homem se porta como um bicho, procurando desesperadamente alimento no lixo e devorando o que encontra, como se fosse um bicho.
Alternativa: C
 
03) (SIMULADO SARESP – 9º ANO)
Segurança no voo
     Quem nunca voou não conhece os procedimentos básicos de segurança antes de se iniciar um voo.
     Após todos os passageiros se sentarem, os agentes de bordo (em geral, dois) se posicionam estrategicamente em pé no avião e demonstram, através de gestos, os procedimentos de segurança a serem tomados em caso de emergências. Ao fundo, uma gravação padrão das companhias aéreas narra o texto:
     “Em caso de despressurização máscaras individuais de oxigênio cairão automaticamente. Puxe uma delas para liberar o fluxo, coloque sobre o nariz e a boca, ajuste o elástico e respire normalmente; auxilie crianças ou pessoas com dificuldade somente após ter fixado a sua”.
     Seguindo os procedimentos de segurança, ainda antes de iniciar a decolagem, os agentes de bordo conferem, passageiro a passageiro, se o cinto está afivelado. Feito isso, pronto, a tripulação está pronta para decolagem.
De acordo com o texto, os verbos utilizados pelos comissários de bordo para orientar os passageiros sobre possíveis procedimentos de emergência estão conjugados
(A) no modo indicativo, porque demonstram como os passageiros devem proceder em caso de emergência.
(B) no modo imperativo, porque declaram o que os passageiros devem fazer em caso de emergência.
(C) na forma nominal de particípio, porque indicam o resultado de ações terminadas em caso de
emergência.
(D) na forma nominal de infinitivo impessoal, porque exprime superficialmente o que se deve fazer em caso de emergência.
Resolução:
Os verbos do texto estão conjugados no Modo Imperativo Afirmativo, segundo a norma padrão, em terceira pessoa do singular, no texto refere- -se a você. O texto trata sobre quais são os procedimentos básicos de segurança num voo e se dirige a todo aquele que for passageiro de um avião, especialmente aqueles que nunca voaram antes e desconhecem os ditos procedimentos.
A parte do texto em que os verbos estão em Imperativo Afirmativo, é a transcrição da gravação que é passada no avião antes de iniciar o voo, para que todos os passageiros tomem conhecimento dos procedimentos de segurança, portanto os verbos destacados dirigem-se aos passageiros de um avião.
Alternativa: B


04) (SIMULADO SARESP – 9º ANO)
WHATSAPP DO GLOBO TRANSFORMA LEITORES EM COPRODUTORES DA NOTÍCIA
     RIO – Seria só mais uma missa de domingo na Paróquia Nossa Senhora da Paz, em Ipanema. Mas a tranquilidade da tarde daquele dia 17 de agosto de 2014 foi interrompida por um homem que invadiu a igreja e fez um fiel refém. Em pouco tempo, a movimentação de policiais militares na Rua Visconde de Pirajá chamou a atenção de moradores como o engenheiro civil José Conde, de 55 anos. Assim que percebeu o tumulto, ele saiu de casa, munido de uma máquina fotográfica. Movido pelo impulso de registrar a cena, entrou na igreja e clicou o criminoso no momento em que ele apontava uma arma para a cabeça do refém. A imagem foi feita em primeira mão e vista por quase 66 mil internautas, que acessaram a reportagem no site do GLOBO naquele domingo.
     [...]
     – Quando eu entrei na igreja, vi o rapaz com a arma e não pensei duas vezes: tirei a foto. Fui para casa e mandei logo a imagem para O GLOBO, porque quando só você tem aquele registro é estimulante poder compartilhá-lo. Agora, com o WhatsApp, qualquer um tem a possibilidade de poder mostrar algo que está acontecendo na hora, seja um vazamento de água ou um crime – diz o leitor, que já pensa em trocar de celular para poder contribuir ainda mais com o conteúdo do jornal. — Meu aparelho é velho, mas já vou providenciar um novo, mais moderno, para instalar o WhatsApp e mandar fotos para O GLOBO.
A partir da situação exposta no texto, conclui-se que a palavra “coprodutores” pode ser substituída, mantendo o mesmo sentido, pela expressão
(A) autores principais.
(B) grupo de sócios.
(C) criadores em conjunto.
(D) associação de autores.
Resolução:
Para responder à questão, o estudante precisa identificar o sentido da palavra “coprodutor” inserida no texto, e identificar seu sentido. O conhecimento prévio da formação de palavras a partir de derivação prefixal ajudará o estudante a chegar à resposta correta. “Coprodutor” é uma palavra é formada a partir do acréscimo do prefixo “co” que, somado a um substantivo, significa “com”. O prefixo utilizado é de origem latina e significa companhia, simultaneidade, união. Portanto, o sentido de coprodutores, o qual o estudante deve identificar no texto, significa uma produção realizada em conjunto.
Alternativa: C

05) (SIMULADO SARESP – 9º ANO) A prisão perpétua é uma pena de segurança. A sociedade defende-se, afastando definitivamente
do seu seio o homem que gravemente delinquiu. Mas é uma pena cruel e injusta. Priva o condenado não só da liberdade, mas da esperança da liberdade, que poderia encorajá-lo e tornar-lhe suportável a servidão penal. Torna impossível qualquer graduação segundo a natureza e circunstâncias do crime e as condições do criminoso, e retira todo objetivo à função atribuída primordialmente à pena, que é o reajustamento social do condenado. É, em geral, excessiva e não atende à necessária determinação no tempo, porque não findará em uma data fiada na sentença, mas durará enquanto o homem exista.
Para defender sua tese, o autor
(A) afirma que a prisão perpétua é uma defesa social, mas é um recurso cruel e injusto.
(B) define a prisão perpétua como sendo uma punição utilizada com a finalidade de garantir a segurança da sociedade.
(C) ressalta que a prisão perpétua impossibilita o objetivo da pena, que é a recuperação social do condenado.
(D) lembra que a prisão perpétua não tem data para terminar, uma vez que dura enquanto o condenado viver.
Resolução:
É importante identificar, primeiramente, a tese defendida pelo autor: a prisão perpétua é cruel e injusta. Partindo desta tese, fica mais fácil identificar os argumentos que a sustentam: é uma punição que priva o condenado do sonho com a liberdade futura, e é uma punição que invalida o próprio objetivo de uma punição, que é reabilitar o condenado para uma futura vida social.
Os verbos que iniciam as respostas A, B e C são muito importantes para identificar a resposta correta. Um argumento não afirma. Uma afirmação é geralmente uma tese, um ponto de vista. Um argumento não define, a menos que uma definição seja necessária para sustentar o ponto de vista. E, geralmente, não lembra simplesmente algo. É preciso argumentar, defender algo, comprovar algo. Quando se ressalta uma informação, ela tem um peso maior e pode ser um argumento para aquilo que se defende.
Alternativa: C

06) (SIMULADO SARESP – 9º ANO)
REDES SOCIAIS OFERECEM VANTAGENS, MAS TRAZ RISCOS
O uso indiscriminado do celular tem causado polêmica dentro das empresas goianas. Conformegestores, não raro esse tipo de comportamento é um empurrão para o desligamento de funcionários.
Na notícia acima, há um desvio da norma padrão na palavra
(A) “traz”, cuja concordância verbal está em conflito com o sujeito da oração.
(B) “celular”, cuja concordância está em conflito com o sintagma nominal ao qual pertence.
(C) “polêmica”, que deveria concordar no plural com a expressão “empresas goianas”.
(D) “oferecem”, que deveria concordar com um objeto que também estivesse no singular.
Resolução:
É necessário identificar o problema de concordância, analisando as concordâncias singular/plural no texto. Há poucas construções verbais, o que facilita a identificação da discordância. De acordo com a norma padrão, teríamos trazem (as redes sociais trazem riscos), concordando no plural com o sujeito da oração.
Alternativa: A

07) (SIMULADO SARESP – 9º ANO)
     O novo Bilhete Único tem diversas vantagens e uma delas é a possibilidade de aquisição das cotas: Mensal, Semanal e Diária. Para obtê-lo, basta efetuar o cadastro. Ao recebê-lo você poderá carregá-lo nas lojas físicas, Postos Autorizados, pontos de venda (bancas de jornal, padarias, mercados, etc.).
     O novo Bilhete Único traz uma nova tecnologia para melhorar a forma de pagamento da tarifa em São Paulo. Em um único cartão você pode ter todos os tipos de créditos (Mensal, Estudante, Vale-Transporte e Comum). Além disso, pode ser utilizado em todos os ônibus, micro-ônibus, Metrô e CPTM e nos terminais e estações de transferência do Expresso Tiradentes.
     Para utilizá-lo, encoste-o no validador instalado junto à catraca e espere a luz verde e o sinal sonoro (bip). Retire o bilhete e passe pela catraca.
     Fique atento em relação à informação dos dias restantes de uso, quando se tratar de cota temporal.
O cidadão da cidade de São Paulo que deseje utilizar o novo Bilhete Único poderá fazê-lo em todos os meios de transporte listados no texto, desde que ele
(A) apresente o bilhete ao motorista que libera a catraca.
(B) faça o carregamento do bilhete nas centrais da SPTrans.
(C) adquira um bilhete para cada tipo de crédito.
(D) faça o cadastro do bilhete para adquiri-lo.
Resolução:
É preciso observar que o texto informa que o cartão SPTrans é um único cartão que dá acesso a diversos meios de transporte. Isso já o ajuda a eliminar algumas das respostas. Além disso, se o bilhete vale em todos os meios de transporte listados, não há motorista para liberar a catraca em todos eles. Sobre o carregamento do cartão, o texto também informa que há diversas possibilidades para o carregamento, até mesmo no comércio, bancas de jornais, etc. Portanto, fica como resposta correta a letra D: é necessário fazer cadastro para adquirir o cartão. Essa informação aparece logo no primeiro parágrafo do texto
Alternativa: D

08) (SIMULADO SARESP – 9º ANO)    
     ... A obra em si mesma é tudo: se te agradar, fino leitor, pago-me a tarefa; se não te agradar, pago-te um papirote, e adeus.
     ... Que me conste, ainda ninguém relatou o seu próprio delírio; faço-o eu, e a ciência mo agradecerá.
Os trechos apontam uma das características da obra de Machado de Assis. Ele tinha o hábito de construir narradores que
(A) eram extremamente cordiais com os leitores.
(B) faziam uso de linguagem informal quando se dirigiam ao leitor.
(C) provocavam os leitores, desafiando-os a ler a obra.
(D) tinham um tom modesto e preocupação em agradar o leitor.
Resolução:
É importante observar que o narrador está falando diretamente com o leitor, e que a mensagem é: “se você gostar, que bom. Mas, se não gostar, não dou a menor importância!”.
Alternativa: C

09) (SIMULADO SARESP – 9º ANO)
ANIMA MUNDI: QUANDO SEU FILHO TE LEVA AO CINEMA, E VOCÊ ADORA
     Crianças e adultos já podem se programar: começa no Rio de Janeiro, nesta sexta-feira, 10 de julho, o 23º Anima Mundi – o maior festival brasileiro de animação –, que depois de ficar até dia 15 na capital fluminense, aterrissa em São Paulo (de 17 a 22 de julho). Não é comum que esses dois públicos compartilhem tão bem um passeio, mas no cinema animado cabe diversão e reflexão a
igual medida – ainda mais com os 450 títulos selecionados nesta edição.
O Anima Mundi é o maior festival brasileiro de animação e sua 23ª edição acontece nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. De acordo com o texto, o festival
(A) começa e termina simultaneamente nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo.
(B) começa primeiramente no Rio de Janeiro e, posteriormente, vem para São Paulo.
(C) começa no Estado de São Paulo e, em seguida, vai para o Rio de Janeiro.
(D) começa em São Paulo enquanto ainda está em cartaz no Rio de Janeiro.
Resolução:
Para responder à questão, o estudante precisa localizar informações temporais específicas relacionadas à localização das cidades, ordenando-as cronologicamente de acordo com o início e término da 23ª edição do Anima Mundi nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. De acordo com o texto, o Anima Mundi começa no Rio de Janeiro dia 10 de julho e encerra dia 15 de julho. Em seguida vai para a cidade de São Paulo, tendo início no dia 17 de julho e encerrando dia 22 de julho.
Alternativa: B

10) (SIMULADO SARESP – 9º ANO)
A relação estabelecida entre a imagem e o texto verbal no cartaz:
(A) apela para que todos os cidadãos utilizem a água conscientemente para garantir a continuidade do abastecimento.
(B) solicita que os cidadãos que já economizam água no dia a dia continuem com essa ação.
(C) avisa aos cidadãos que, se não houver economia, haverá racionamento para que haja água para todos.
(D) determina que ficará sem água aquele que não economizar, pois haverá um controle do uso
Resolução:
Para responder à questão, o estudante precisa fazer a leitura verbal e não verbal do texto, para ter uma mensagem completa. Precisa observar que o texto não faz ameaças, não fala em punições.
Mas lembra a todos que, se não houver economia, pode ser necessário ficar sem água, o que seria pior. Portanto economizar é melhor do que ficar sem. E isso vale para todos.
Alternativa: A

11) (SIMULADO SARESP – 9º ANO)
TIO GALILEU
     A pobre mãe deu Betinho àquele homem: agradasse ao tio Galileu, com os dias contados, podia ser o herdeiro. Depois de partir lenha, puxar água do poço, limpar o poleiro do papagaio, o menino enxugava a louça para a cozinheira. Toda noite, Betinho subia a escada, para levar o urinol e tomar a bênção ao tio Galileu. Batia na porta: Entre, meu filho, O rapaz beijava a mão – branca, mole e úmida mãe-d’água. No domingo recebia a menor moeda, que o padrinho catava entre os nós do lenço xadrez.
     Tio Galileu raramente saía e, ao tirar o paletó, exibia duas rodelas de suor na camisa. Arrastava o pé, bufando, sempre a mão no peito. Afagava o papagaio, que sacudia o pescoço e eriçava a penugem: Piolhinho... piolhinho... Subindo a escada, dedos crispados no corrimão, isolava-se no quarto. O assobio através da porta: alegria de contar o dinheiro?
     Fechava a porta e conduzia a chave. Diante dele era feita a limpeza, pelo rapaz ou pela negra, nunca por Mercedes. Sentado na cama, coçando eterno pozinho na perna, vigiava. E não assobiava com alguém no quarto. Instalado na cama que, essa, ele mesmo arrumava, sem permitir que virassem o colchão de palha.
De acordo com a história, a sequência dos fatos narrados foi a seguinte:
(A) A mãe de Betinho deu o menino a Galileu. Galileu enriqueceu e se tornou muito cuidadoso com sua fortuna, que guardava no quarto.
(B) Galileu era um homem rico. A mãe de Betinho deu o menino a Galileu pensando que o menino podia ser o herdeiro de sua fortuna.
(C) Betinho, às vezes, limpava o quarto de Galileu. Galileu destrancava a porta, entrava e contava o dinheiro enquanto Betinho limpava o quarto.
(D) Quando limpavam o quarto, Galileu abria a porta e isolava-se nele assobiando e contando seu dinheiro, vigiando a limpeza de tudo.
Resolução:
É necessário observar a sequência dos fatos para solucionar a questão. É necessário partir do fato de que a mãe de Betinho deu o menino esperando que ele agradasse a Galileu, pois assim poderia se tornar herdeiro dele. Então Galileu já era um homem rico quando Betinho foi doado para ele.
Alternativa: B

12) (SIMULADO SARESP – 9º ANO)
A partir do texto e da imagem que a personagem aparenta ter de si mesma, podemos inferir que o gato
(A) imagina que não precisa se apresentar porque Papai Noel já o conhece de outros anos.
(B) sabe que Papai Noel deixará um presente para ele, mesmo não o conhecendo muito bem.
(C) supõe que o Papai Noel entrega presentes a todos, independentemente do comportamento de cada um.
(D) acredita que o Papai Noel só entrega presentes para pessoas que agem corretamente durante o ano.
Resolução:
Para responder à questão, é necessário considerar o que se sabe culturalmente sobre o Papai Noel: os presentes são dados àqueles que se comportaram bem ao longo do ano. Quando a personagem se arrepende de se apresentar e diz que é melhor que o Papai Noel não o conheça bem, deixa subentendido que ele não teve bom
comportamento ao longo do ano. Então, quanto menos ele for conhecido, melhor!
Alternativa: D

13) (SIMULADO SARESP – 9º ANO)
O CAVALO E O BURRO
Monteiro Lobato
     O cavalo e o burro seguiam juntos para a cidade. O cavalo contente da vida, folgando com uma carga de quatro arrobas apenas, e o burro — coitado! gemendo sob o peso de oito. Em certo ponto, o burro parou e disse:
     – Não posso mais! Esta carga excede as minhas forças e o remédio é repartirmos o peso irmamente, seis arrobas para cada um.
     O cavalo deu um pinote e relinchou uma gargalhada.
     – Ingênuo! Quer então que eu arque com seis arrobas quando posso tão bem continuar com as quatro? Tenho cara de tolo?
     O burro gemeu:
     – Egoísta, lembre-se que se eu morrer você terá que seguir com a carga de quatro arrobas e mais a minha.
     O cavalo pilheriou de novo e a coisa ficou por isso. Logo adiante, porém, o burro tropica, vem ao chão e rebenta.
     Chegam os tropeiros, maldizem a sorte e sem demora arrumam com as oito arrobas do burro sobre as quatro do cavalo egoísta. E como o cavalo refuga, dão-lhe de chicote em cima, sem dó nem piedade.
     — Bem feito! exclamou o papagaio. Quem mandou ser mais burro que o pobre burro e não compreender que o verdadeiro egoísmo era aliviá-lo da carga em excesso? Tome! Gema dobrado agora…
Analisando o discurso do narrador, observa-se que ele
(A) descreve a cena sem ler o pensamento das personagens.
(B) interfere na cena, dando constantemente sua opinião sobre os fatos.
(C) narra com detalhes o pensamento das personagens da história.
(D) participa da história, misturando-se com as personagens e fatos.
Resolução:
É necessário distinguir a fala do narrador das falas das personagens. Nesse texto, o burro e o cavalo têm suas falas introduzidas por discurso direto, começando, portanto, por travessão. Apenas os tropeiros têm sua fala narrada pelo narrador. Ainda assim, o narrador narra a cena dos tropeiros sem participar dela. Narra como observador.
Alternativa: A

14) (SIMULADO SARESP – 9º ANO)

     – Como pôde fazer isso com o seu pai? – berrou um senhor que morava perto da praça. Eu o conhecia desde criança. Ele era um dos melhores clientes do meu pai.
     – Filha ingrata! – berrou uma moça que eu nem sabia quem era. – Seu pai sempre te deu tudo!
     – O castigo vem à cavalo, menina! Pode esperar – reconheci a voz de d. Margarida, no meio do povo apontando-me o dedo e me ameaçando. [...]
A pergunta que deflagra todos os enunciados do texto, bem como os comentários que a seguem, expressam com intensidade reações de
(A) dúvida.
(B) surpresa.
(C) indignação.
(D) ironia.
Resolução:
Os três enunciadores começam suas falas expondo críticas explícitas à moça: Como pôde fazerisso com seu pai? Filha ingrata! O castigo vem à cavalo, menina.
Todos os enunciados evidenciam revolta, falta de aceitação. Portanto, indignação em relação à atitude da moça para com seu pai.
Alternativa: C

15) (SIMULADO SARESP – 9º ANO)
Além do efeito de humor da charge, é possível também identificar variações linguísticas exemplificadas por marcas
(A) lexicais, pois as palavras utilizadas apresentam diferentes significados em lugares diferentes.
(B) morfológicas, porque denunciam mudanças na forma da palavra, gênero ou flexão.
(C) fonéticas, porque as mesmas palavras são pronunciadas de maneira diferente em lugares diferentes.
(D) sintáticas, pois traz alterações na construção frásica, regência ou flexão do verbo.
Resolução:
E preciso separar o efeito de humor do conceito de variação linguística na charge. O fato de haver um mal-entendido entre os interlocutores não se refere a uma variação linguística, mas a uma característica do gênero charge. Em termos de variação linguística, e preciso observar que a pronúncia dos dois interagentes é diferente. As marcas evidentes são fonéticas, ou seja, a maneira pela qual as palavras são pronunciadas em diferentesregiões do Brasil é que é evidenciada no texto.
Alternativa: C

16) (SIMULADO SARESP – 9º ANO)
AMOSTRA DE ALIMENTOS COM RSÍDUOS DE AGROTÓXICO
De acordo com o texto, o consumo contínuo de alimentos com resíduos de agrotóxicos pode causar
(A) uma sensação de incômodo no estômago.
(B) uma doença grave como o câncer.
(C) um mal-estar, tontura e enjoo.
(D) um aumento da pressão arterial.
Resolução:
A questão exige que o estudante leia com atenção o texto verbal, que informa que o consumo de alimentos que contêm resíduos de agrotóxicos causa problemas na saúde ao longo prazo, ou seja, o efeito não é imediato, e sim cumulativo. O texto indica algumas doenças que podem ser causadas pelo consumo desses alimentos: problemas no sistema nervoso, câncer ou alterações fetais.
Após a leitura o estudante deve estabelecer uma relação de causa e consequência entre o consumo de alimentos com resíduos de agrotóxicos e as doenças indicadas no texto.
Alternativa: B

17) (SIMULADO SARESP – 9º ANO)
     A NASA confirmou o recorde de calor durante 2015. A agência norte-americana apontou que a temperatura superficial média do planeta aumentou cerca de um grau Celsius desde finais do século XX, “uma mudança em grande parte impulsionada pelo acréscimo de dióxido de carbono e outras emissões à atmosfera”. Os níveis de acumulação desses gases estão em níveis recorde.
     “A mudança climática é o desafio de nossa geração”, assinalou por meio de um comunicado
Charles Boldenel, responsável pela NASA. A organização lembrou que a “maior parte do aquecimento” se deu nos últimos 35 anos, coincidindo com o acréscimo da emissão de gases de efeito estufa por parte do homem.
     O recorde de calor de 2015 pode durar pouco, igual ao que ocorreu com o de 2014. O Escritório  Meteorológico britânico já indicou que este 2016 poderia ser ainda mais caloroso devido também ao efeito do fenômeno El Niño.
O excerto no qual o autor utiliza o discurso direto no texto como uma forma de dar credibilidade e reconhecimento de autoridade à mensagem é:
(A) A NASA confirmou também o recorde de calor durante 2015.
(B) A mudança climática é o desafio de nossa geração.
(C) Os níveis de acumulação desses gases estão em níveis recorde.
(D) O recorde de calor de 2015 pode durar pouco.
Resolução:
O estudante precisa localizar no texto os excertos que aparecem nas alternativas e verificar se de fato estão em discurso direto. O discurso direto são as falas reproduzidas pelo discurso de quem as disse, e não pelo discurso de quem as reporta.
Alternativa: B

18) (SIMULADO SARESP – 9º ANO)
O texto exemplifica uma das mudanças da nova reforma ortográfica. A palavra “boia” não tem mais acento porque foram excluídos
(A) os acentos dos ditongos abertos ei e oi.
(B) os acentos diferenciais entre palavras de mesma grafia.
(C) os acentos no i e u tônicos das palavras paroxítonas que vierem depois de um ditongo.
(D) os acentos das formas verbais pertencentes à terceira pessoa do plural de alguns verbos.
Resolução:
Para responder à questão, o estudante precisa conhecer a nova regras, da reforma ortográfica referente aos ditongos abertos. De acordo com a nova reforma ortográfica foram excluídos os acentos dos ditongos abertos ei e oi das palavras paroxítonas, que têm o acento tônico na penúltima sílaba.
Um exemplo é a palavra bóia, que na nova ortografia se tornou boia.
Alternativa: A

19) (SIMULADO SARESP – 9º ANO)
O MALÉFICO E O INCOMPREENDIDO
O autor constrói, por meio de recursos verbais e não verbais, uma mensagem que focaliza o fato de que existe
(A) risco de se ingerir ácidos e outras substâncias químicas desconhecidas.
(B) negligência em relação ao consumo de substâncias tóxicas.
(C) ignorância resultante do desinteresse pelo aprendizado de química.
(D) preconceito contra o consumo de produtos inofensivos à saúde
Resolução:
O autor do texto utiliza os termos químicos metanol e ácido acetilsalicílico utilizados na Química. O primeiro termo, metanol, é conhecido pelo senso comum, devido à sua utilização como combustível, e também é conhecido por ser altamente tóxico. Já o segundo termo, ácido acetilsalicílico, não é conhecido pela maioria das pessoas, e sim por aqueles que têm conhecimento nessa ciência. É um ácido presente em várias medicações, como, por exemplo, a aspirina, frequentemente utilizada por grande parte das pessoas que ignoram totalmente o composto químico que a compõe, fato que, segundo o autor, ocorre pelo fato da grande parte das pessoas não gostar de química. As pessoas ingerem o ácido acetilsalicílico sem saberem que é uma substância química.
Alternativa: C

20) (SIMULADO SARESP – 9º ANO)


TEXTO 1
QUAL A FORMA CORRETA DE COLOCAR A CAMISINHA?
     Para que a camisinha cumpra o seu papel “protetor” durante o ato sexual, deve-se ter em mente alguns aspectos cruciais para o seu uso. “Em primeiro lugar, deve estar de fácil acesso antes do ato e o invólucro que a contém só deve ser aberto no instante do seu uso”, explica o urologista Sylvio Quadros, chefe do departamento de DST da Sociedade Brasileira de Urologia. O pênis deve estar ereto, livre de lubrificantes, cremes ou pomadas. A pessoa deverá então segurar o preservativo pela extremidade, deixando um espaço isento de ar na ponta para conter o sêmen, diminuindo assim a chance de rompimento. A seguir, a camisinha deve ser desenrolada, da extremidade para a base do pênis.
     Após o ato sexual, ainda com o pênis ereto, a camisinha deve ser retirada com cuidado, de forma a impedir que o sêmen extravase. “Segure a camisinha na extremidade com os dedos de uma mão, ao mesmo tempo em que, com a outra, você retira a proteção no sentido da base para a extremidade.”

 TEXTO 2
Embora o assunto dos dois textos seja o mesmo, o conteúdo das mensagens é diferente porque
(A) o público-alvo do primeiro texto são os médicos e profissionais da saúde, enquanto que o público do segundo texto são os foliões.
(B) o primeiro texto visa orientar o usuário por meio de uma linguagem instrucional, enquanto que o segundo tem função mais apelativa.
(C) o público-alvo do segundo texto já sabe como utilizar a camisinha, enquanto que o do primeiro texto ainda precisa aprender.
(D) o primeiro texto visa atingir o mesmo público que o segundo texto, mas é mais detalhista na tentativa de ser mais convincente.
Resolução:
É importante observar que, no primeiro texto, o autor ensina a usar o preservativo. É, portanto, um texto instrucional. No segundo, temos uma campanha de prevenção de DST/AIDS. Portanto, temos uma linguagem com foco no apelo. O primeiro texto tem uma linguagem explicativa e simples, direcionada ao público em geral. Ensina como usar corretamente a camisinha, porque não basta usar.
Para que seja um recurso de prevenção eficiente, é preciso usá-la corretamente. O segundo texto tem uma linguagem mais apelativa: “vista a fantasia, use camisinha”. É uma campanha de prevenção.
Alternativa: B

21) (SIMULADO SARESP – 9º ANO)

     Na busca por uma alimentação mais saudável, consumidores têm optado por produtos orgânicos. O custo mais alto do que o dos produzidos de modo convencional compensa em relação à melhoria da qualidade de vida e da saúde, de acordo com os adeptos da fabricação orgânica. Mais informações sobre o setor estão disponíveis desde ontem, 24, com o início da Semana Nacional dos Alimentos Orgânicos.
     A funcionária pública Aparecida Araújo trocou os alimentos produzidos com insumos químicos pelos orgânicos há dez anos e diz que sente os efeitos na saúde. “Os produtos químicos acabam acarretando doenças, o orgânico é mais fresquinho, mais conservado. Eu tenho 51 anos e minha preocupação é retardar o uso de medicamentos”, disse. Aparecida diz que vale a pena pagar um pouco mais pelos orgânicos, pois seu modo de produção também é mais sustentável para o meio ambiente, além de estimular a agricultura familiar.
     Segundo o engenheiro agrônomo da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) do Distrito Federal, Rafael Lima de Medeiros, o custo do orgânico para o consumidor é, em média, 250% mais caro que o alimento tradicional.
A frase retirada do texto que representa uma opinião é:
(A) Os produtos químicos acabam acarretando doenças.
(B) Minha preocupação é retardar o uso de medicamentos.
(C) Vale a pena pagar um pouco mais pelos orgânicos.
(D) O custo do orgânico é 250% mais caro que o alimento tradicional.
Resolução:
É necessário observar a inserção de cada frase no texto. Dados como o preço, ou a relação entre orgânicos e vida mais saudável, ou o fato de serem mais caros do que os alimentos convencionais não são opiniões. São fatos já constatados.
A preocupação da entrevistada não expressa uma opinião, mas, como ela mesma diz, uma preocupação. Assim, a opinião se caracteriza pela expressão “vale a pena”. O que uns acham que vale a pena, outros podem achar que não. Caracteriza, portanto, uma opinião.
Alternativa: C

22) (SIMULADO SARESP – 9º ANO)
     Uma das boas novidades na efervescência da Copa do Mundo em Brasília é a utilização maciça das bicicletas. No último domingo, era encantador observar turistas a passeio pelo Eixo Monumental e por outras grandes avenidas da capital sobre o modelo alaranjado que passou a fazer parte da paisagem local.
     Também era expressivo o número de moradores a circular pelas ruas, pelo simples prazer de contemplar a capital da República livre do casulo de ferro, vidro e aço dos automóveis. Para que essa imagem não fique apenas como um lance excepcional, comparado a um gol de bicicleta, convém voltar à reflexão sobre a imperiosa necessidade de se disseminar a mobilidade sobre duas rodas.
     Ainda pouco utilizadas pela grande maioria dos brasilienses, as ciclovias constituem um caminho vital para a mobilidade. A capital conhecida pelo respeito à faixa de pedestres tem a oportunidade de obter outra conquista relevante, com a adoção generalizada do transporte por bicicletas. Caso a cultura ciclística consiga estabelecer uma convivência pacífica com a supremacia motorizada, a cidade reconhecida mundialmente como uma joia arquitetônica poderá exibir mais um exemplo de civilização e modernidade.
Tomando Brasília como referência, o autor defende que as ciclovias são
(A) uma opção de transporte para mobilidade urbana em Brasília em eventos como a Copa.
(B) um desafio para os brasilienses, uma vez que a cultura local se limita ao convívio com a faixa de pedestres.
(C) um exemplo de mobilidade urbana que faz de uma cidade exemplo de civilização e modernidade.
(D) uma ideia que disputa espaço para conviver com a supremacia motorizada que reina em cidades como Brasília.
Resolução:
Para responder à questão, o estudante precisa, primeiramente, identificar os argumentos que o autor utiliza para defender a criação e o uso de ciclovias em toda a cidade de Brasília. O autor inicia mencionando a utilização das bicicletas pelos turistas e até mesmo pelos cidadãos de Brasília por conta da Copa do Mundo, destacando que esse comportamento não pode ser só momentâneo, resultante do evento da Copa. O autor segue sua argumentação informando que a cidade é conhecida pelo respeito à faixa de pedestres e as ciclovias poderiam representar outra conquista relevante para a cidade, menciona também os benefícios que as ciclovias trariam para a cidade.
Uma vez identificados corretamente os argumentos utilizados pelo autor, o estudante tem condições de inferir a tese do autor: as ciclovias são recursos de mobilidade urbana que fazem de uma cidade um exemplo de civilização e modernidade
Alternativa: C

23) (SIMULADO SARESP – 9º ANO)
     A Constituição Federal de 1988 inaugurou uma nova forma de se conceber o Direito, evoluindo junto com a sociedade e seus anseios, e acabou por significar uma verdadeira base jurídica que contempla as mudanças cada vez maiores dos modelos de relações sociais, em especial o modelo de “família” ao qual estávamos acostumados.
     Assim, a afetividade hoje é um princípio constitucional que lastreia um grande número de relações sociais, familiares, afetivas, e é um dos corolários da nova ordem social. Dessa forma, pode-se afirmar que a relação afetiva entre animais humanos e não humanos é tutelada pela Constituição Federal, pois está intimamente ligada à dignidade da pessoa humana, por se tratar de uma relação eminentemente baseada no afeto.
     No caso de animais em condomínios, hoje é “proibido proibir”. Nenhuma convenção pode proibir a permanência de animais nas unidades autônomas, ou seja, no interior dos apartamentos, pois estaria violando o direito de propriedade e a liberdade individual de cada pessoa em utilizar a sua área privativa de acordo com seus interesses – desde que não sejam contrários à destinação do imóvel (que, no caso dos imóveis residenciais, é residir e não, por exemplo, montar um escritório de advocacia). Mas as convenções podem RESTRINGIR a FORMA como os animais deverão ser mantidos no condomínio.
O texto acima tem como função
(A) contestar o fato de que a Constituição Federal defende a permanência de animais nas dependências de condomínios residenciais.
(B) esclarecer que a lei garante a qualquer cidadão o direito de ter um animal de estimação nas dependências de condomínios residenciais.
(C) reivindicar que os moradores de condomínios residenciais que possuem animais de estimação sejam autorizados a mantê-los nos condomínios.
(D) convencer a população de que é necessário aceitar que moradores de condomínios residenciais têm direito a manter animais de estimação.
Resolução:
É preciso prestar atenção às informações presentes no texto: o direito garantido por lei, garantido pela Constituição; a afetividade como um princípio constitucional. O texto não se dirige ao leitor. Apenas explana e fundamenta um direito. Informa que a lei garante a todo cidadão o direito de ter um animal de estimação, mesmo quando resida em condomínios. “É proibido proibir” porque a relação entre homem e animal está pautada no afeto, e garantir as relações afetivas é um direito humano.
Alternativa: B

24) (SIMULADO SARESP – 9º ANO)
Analisando a informação veiculada pela campanha, no trecho “quem lembra da vacina” podemos afirmar que o pronome “quem” refere-se a um determinado público-alvo. O pronome refere-se, então,
(A) ao órgão promotor da campanha.
(B) a toda a população brasileira.
(C) às pessoas dos chamados grupos de risco.
(D) a quem já teve gripe no passado.
Resolução:
É importante que o estudante leia a mensagem como um todo para que ele consiga identificar a quem a campanha se destina. Poderia ser à população em geral, mas o público está discriminado na parte inferior da mensagem: idosos, gestantes, bebês, pessoas com baixa imunidade, etc. Portanto “quem lembra da vacina se protege da gripe” significa a gestante, o idoso, etc., que lembra da vacina se protege da gripe.
Alternativa: C

25) (SIMULADO SARESP – 9º ANO)
A MENINA DE LÁ
     O Pai, pequeno sitiante, lidava com vacas e arroz; a Mãe urucuiana, nunca tirava o terço da mão...
     Aí, Tiantônia tomou coragem, carecia de contar:
     E ela, menininha, por nome Maria, Nhinhinha dita, nascera já muito para miúda, cabeçudota e com olhos enormes.
A presença explícita de variações linguísticas é marca muito evidente na obra de Guimarães Rosa.
No texto em foco, observa-se, por exemplo,
(A) marcas da oralidade regional transpostas para a forma escrita.
(B) alterações no registro linguístico para que a mensagem seja entendida.
(C) esforços para manter o discurso na norma culta da língua portuguesa.
(D) construções morfológicas que não existem na língua portuguesa.
Resolução:
É importante, antes de tudo, identificar as marcas típicas do discurso: as palavras e expressões que não são corriqueiras em todo o país. Partindo, então do pressuposto de que não há certo e errado, mas sim norma culta e variações linguísticas, analisando o texto sem preconceito linguístico é possível observar que o texto traz marcas da oralidade transpostas para a língua escrita.
Alternativa: A

26) (SIMULADO SARESP – 9º ANO)
AUSÊNCIAS QUE PREENCHEM LACUNAS EM SÃO PAULO
     A Bélgica está sem governo há uns quatro meses. Divergências entre os partidos da francófona Valônia e da flamenga Flandres. Por “sem governo” entenda-se a superestrutura política, o gabinete. O resto funciona. Os policiais policiam, os impostos são cobrados (ou sonegados) como de costume, os trens chegam e saem mais ou menos no horário, o metrô roda placidamente, tão placidamente que nem catracas tem, continuam à venda em cada esquina os imperdíveis “graufes” (“waffels”, feitos na hora, que até fumegam à primeira mordida).
Para definir o que o autor quer dizer por “o resto funciona”, ele faz uso de uma sequência de ideias
separadas por vírgulas. Essa estratégia de organização textual faz sentido porque
(A) contrasta com as ideias apresentadas anteriormente, sobre as coisas que não funcionam.
(B) apresenta uma lista de ações que demonstra que o que funciona ainda predomina.
(C) demonstra que a crise do poder político é pequena e irrelevante, e por isso as coisas funcionam.
(D) sinaliza que a população não está interessada na crise do governo e segue sua vida normalmente.
Resolução:
É preciso observar que o texto é dividido em duas partes: o que não funciona e o que funciona. A sequência de coisas que funcionam é muito maior do que a de coisas que não funcionam. Estas são separadas por pontos finais. As primeiras separadas por vírgulas, constituem uma longa lista. A sequência de coisas que têm bom êxito na Bélgica, separadas por vírgulas, fortalece a ideia de que há muita coisa que funciona, apesar dos problemas com o governo local.
Alternativa: B

27) (SIMULADO SARESP – 9º ANO)
VIOLÕES QUE CHORAM
                                    Vozes veladas veludosas vozes,
                                    Volúpia dos vilões, vozes veladas,
                                    Vagam nos velhos vórtices velozes
                                    Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.
No poema, a voz do vento é representada por um recurso sonoro conhecido como
(A) aliteração.
(B) rima.
(C) assonância.
(D) paronomásia.
Resolução:
A aliteração consiste na repetição de um fonema consonantal. Nesse poema, a aliteração se consolida na repetição do fonema [v].
Alternativa: A
 
28) (SIMULADO SARESP – 9º ANO)
A INTERNATE É MAIS INTELIGENTE QUE SEUS USUÁRIOS?
     O que se denomina inteligência coletiva funciona em muitos casos, e pode fazer coisas que um indivíduo não poderia
     Um grupo de 100 000 pessoas pode ser mais inteligente do que a soma de suas partes? A Inteligência coletiva existe? O assunto no fundo é só um aspecto, apesar de bem interessante, do problema geral dos sistemas emergentes. Nem o nitrogênio (N) nem o hidrogênio (H) cheiram a amoníaco (NH3). Uma célula é muito mais do que uma sopa de seus 5 000 ingredientes. [...] Nenhum sistema complexo consiste apenas de sua lista de componentes. Há, além disso, alguns princípios organizativos que, até agora, não sabemos predizer sem conhecer a solução que a natureza encontrou.
     Então, a inteligência coletiva existe? Sabemos que existe nos insetos sociais. Uma formiga não sabe geometria, mas um formigueiro sim: pode calcular, por exemplo, o ponto mais distante de todas as suas bocas, para utilizá-lo como o local onde os cadáveres apodrecem, sem estragar demais o jantar de nenhuma delas. Uma colônia de abelhas funciona como um bom termostato que mantém constante a temperatura da colmeia, apesar de cada abelha individualmente ser uma perfeita incompetente para essa tarefa. É natural perguntar-se se algo assim pode funcionar também para a nossa espécie. A Internet pode ser mais inteligente do que a soma de seus usuários? Qual seria nosso papel individual na emergência desse monstro? Qual o princípio organizativo?
Para persuadir o leitor de que a inteligência coletiva é capaz de fazer o que indivíduos não conseguem fazer sozinhos, o autor
(A) cita diversos exemplos do que pretende comprovar.
(B) relata diversos casos em que a sua tese se consolidou.
(C) narra diversas histórias que ilustram o que quer comprovar.
(D) apresenta diversas pesquisas que validam seu ponto de vista.
Resolução:
Para responder corretamente à questão, o estudante precisa identificar a tese defendida pelo autor: é possível conseguir, utilizando a inteligência coletiva, ou seja, a soma da inteligência de todos, resultados que não se consegue obter na esfera do individual.
A partir daí, é preciso observar a característica da argumentação do autor e constatar que ele faz uso de exemplos para sustentar sua tese.
Alternativa: A

29) (SIMULADO SARESP – 9º ANO)
                                  Renovadora e reveladora do mundo.
                                  A humanidade se renova no teu ventre.
                                  Cria teus filhos.
                                  Não os entregues à creche.
                                  Creche é fria, impessoal.
                                  Nunca será um lar
                                  para teu filho.

                                  Ele, pequenino, precisa de ti.
                                  Não o desligues da tua força maternal.
                                  Que pretendes, mulher?
                                  Independência, igualdade de condições...
                                  Empregos fora do lar?
                                  És superior àqueles
                                  que procuras imitar.
                                  Tens o dom divino
                                  de ser mãe.
                                  Em ti está presente a humanidade.
O poema acima tem como interlocutora uma mãe. Ele é composto por inúmeras sentenças curtas, separadas por pontos finais. No meio delas, surgem duas perguntas que transmitem a intenção da autora de levar a interlocutora a
(A) procurar um emprego que possibilite a ela trabalhar e ainda cuidar do seu filho.
(B) buscar uma creche onde seu filho possa ser bem acolhido com mais carinho.
(C) buscar inspiração nas mulheres que trabalham fora de casa para terem independência.
(D) refletir sobre as consequências de entregar seu filho aos cuidados de outros.
Resolução:
É importante observar que, em todas as sentenças no poema, a maioria afirmativas, a autora defende a responsabilidade e a plenitude de ser mãe. Nas duas perguntas, questiona a mãe a quem se dirige, sua interlocutora, sobre suas intenções quando pensa em abrir mão de cuidar do filho para procurar um emprego e conquistar independência. Observa-se que as perguntas, então, visam levar a mãe a refletir sobre a intenção de entregar seu filho aos cuidados de uma creche para exercer outras atividades que não sejam a maternidade.
Alternativa: D

30) (SIMULADO SARESP – 9º ANO)
     – Bem, bem.
     Passou as mãos nas costas e no peito, sentiu-se moído, os olhos azulados brilharam como olhos de gato. Tinham-no realmente surrado e prendido. Mas era um caso tão esquisito que instantes depois balançava a cabeça, duvidando, apesar das machucaduras.
     Ora, o soldado amarelo... Sim, havia um amarelo, criatura desgraçada que ele, Fabiano, desmancharia com um tabefe. Não tinha desmanchado por causa dos homens que mandavam. Cuspiu, com desprezo:
     – Safado, mofino, escarro de gente.
Neste excerto de Vidas Secas, observam-se diversos tipos de discurso. Pode-se identificar uma amostra de discurso indireto livre no trecho
(A) – Bem, bem.
(B) Passou as mãos nas costas e no peito,...
(C) Ora, o soldado amarelo...
(D) – Safado, mofino, escarro de gente.
Resolução:
É necessário ter o conhecimento da distinção entre discurso direto, que é inserido por travessões; do discurso indireto, que não traz a marca dos travessões e que é narrado em terceira pessoa; e do discurso indireto livre, no qual narrador e personagem se fundem em uma só fala, sem travessões, expressada em primeira pessoa, como se o narrador estivesse dentro do pensamento da personagem.
A partir desse conhecimento, é possível descartar A e D. Observando-se que B é uma descrição em terceira pessoa, e, portanto discurso indireto, então temos uma análise mais aprofundada em C, e encontramos narrador e personagem fundidos em um só discurso, no qual o narrador é onisciente (lê o pensamento da personagem). Portanto, discurso indireto livre.
Alternativa: C

31) (SIMULADO SARESP – 9º ANO)
A Campanha Nacional do Desarmamento teve início no Brasil em 2004, tendo como objetivo a conscientização da população sobre os riscos de possuir uma arma de fogo e a sua retirada de circulação. Qualquer cidadão poderia fazer, voluntariamente, a entrega de sua arma de fogo em um dos postos de coleta. Analisando o texto em relação ao seu gênero, assunto e finalidade, observamos que ele é
(A) uma propaganda, cujo assunto é o desarmamento no Brasil e tem como finalidade informar que a Campanha Nacional de Desarmamento, apesar do total desconhecimento por parte do governo do número de armas ilegais existentes no país, atingiu seu objetivo com sucesso.
(B) um cartum, cujo assunto é o desarmamento no Brasil e tem como finalidade, através do humor, esclarecer que mesmo os bandidos tendo acesso fácil às armas de fogo de forma ilegal, o governo brasileiro está tomando medidas que farão que o desarmamento de fato ocorra.
(C) uma charge, cujo assunto é o desarmamento no Brasil e tem como finalidade satirizar o fato de que a Campanha Nacional de Desarmamento não atinge seu objetivo principal de retirar as armas de fogo de circulação, já que são facilmente acessíveis de forma ilegal.
(D) um cartaz, cujo assunto é o desarmamento no Brasil e tem como finalidade informar que o desarmamento no Brasil ocorrerá de qualquer forma, mas será um processo lento, pois tem a sua efetivação dificultada pelo acesso ilegal dos bandidos às armas de fogo.
Resolução:
A leitura proposta consiste na identificação de três elementos: gênero, assunto e finalidade do texto.
A charge trata sobre o tema do desarmamento no Brasil e tem a finalidade de satirizar a completa ineficiência da Campanha de Desarmamento e a postura do governo frente a ela. A charge inicia com a palavra “desarmamento” seguida do ponto de interrogação, colocando em dúvida se o dito desarmamento ocorre de fato no Brasil. O autor joga com os opostos: não sabe calcular/sabe calcular, frases destacadas no texto em vermelho, ressaltando dessa forma a ignorância do governo e o quanto a Campanha de Desarmamento é ineficaz.
Alternativa: C

32) (SIMULADO SARESP – 9º ANO)

                                      Fui sabendo de mim
                                      por aquilo que perdia
                                      pedaços que saíram de mim
                                      com o mistério de serem poucos
                                      e valerem só quando os perdia
                                      fui ficando
                                      por umbrais
                                      aquém do passo
                                      que nunca ousei
                                      eu vi
                                      a árvore morta
                                      e soube que mentia
A partir do poema, constata-se que o eu-lírico
(A) foi aprendendo a descobrir-se a partir das suas conquistas na vida.
(B) foi valorizando cada pedaço seu antes mesmo de perdê-lo.
(C) foi gradativamente descobrindo quem era pelas experiências da vida.
(D) foi seguindo adiante na vida, dando os passos que precisava dar.
Resolução:
É importante observar o título do poema: se eu fui sabendo de mim, este foi um processo gradativo.
Há muitas palavras-chave que validam ou invalidam as respostas: os pedaços valiam quando eram perdidos, portanto não eram valorizados antes. O texto fala de perdas e não de conquistas.
E fala dos passos não dados. Ressalta, ainda, que a descoberta de si mesmo foi um processo que se deu pelas perdas. E as perdas são as experiências de vida relatadas no poema.
Alternativa: C

33) (SIMULADO SARESP – 9º ANO)
O RESTRO SUJO DA ENERGIA LIMPA
     Nos últimos 10 anos, países do mundo todo investiram pesado em programas de energia renovável. Afinal, sol e vento são grátis, não é mesmo? O que ambientalistas nem sempre veem é que convertê-los em energia tem um custo alto – em dinheiro e recursos naturais.
     Pegue como exemplo a energia eólica. Uma turbina precisa de 50 toneladas de estanho para produzir 1 megawatt de energia. Já com gás natural, uma turbina produz essa mesma energia com apenas 0,3 tonelada de estanho. O vento pode sair de graça, mas precisamos de minérios para erguer a infraestrutura que permitirá gerar energia.
Para defender seu ponto de vista, o autor utiliza o argumento de que
(A) nos últimos dez anos, muitos países do mundo começaram a investir em programas de energia renovável.
(B) recentemente, o uso de energia gerada a partir de fontes como o sol e o vento tem aumentado no mundo.
(C) na última década, as fontes de energia renováveis demonstraram que consomem muitos recursos naturais e capital.
(D) ultimamente, constatou-se que a produção de gás natural é suficiente para manter em funcionamento as turbinas e gerar energia.
Resolução:
Para responder corretamente à questão, o estudante precisa identificar os elementos de um texto argumentativo. É necessário localizar a tese defendida pelo autor: as energias consideradas limpas não são tão limpas e baratas assim. Em seguida, é preciso localizar argumentos que o autor utiliza para defender sua tese. O argumento fundamental do autor é que, nos últimos 10 anos, constatou-se que as fontes de energia renováveis consomem mais recursos naturais e são mais caras do que as fontes convencionais de produção de energia.
Alternativa: C

34) (SIMULADO SARESP – 9º ANO)
A DESMEMÓRIA UMA CRÔNICA DE EDUARDO GALENO
     Um registro do escritor uruguaio sobre o “esquecimento” das origens e do significado do 1º de Maio nos Estados Unidos
     Chicago está cheia de fábricas. Existem fábricas até no centro da cidade, ao redor de um dos edifícios mais altos do mundo. Chicago está cheia de fábricas, Chicago está cheia de operários.
     Ao chegar ao bairro de Heymarket, peço aos meus amigos que me mostrem o lugar onde foram enforcados, em 1886, aqueles operários que o mundo inteiro saúda a cada primeiro de maio.
     — Deve ser por aqui – me dizem. Mas ninguém sabe. Não foi erguida nenhuma estátua em memória dos mártires de Chicago nem na cidade de Chicago. Nem estátua, nem monolito, nem placa de bronze, nem nada.
      O primeiro de maio é o único dia verdadeiramente universal da humanidade inteira, o único dia no qual coincidem todas as histórias e todas as geografias, todas as línguas e as religiões e as culturas do mundo; mas nos Estados Unidos o primeiro de maio é um dia como qualquer outro. Nesse dia, as pessoas trabalham normalmente, e ninguém, ou quase ninguém, recorda que os direitos da classe operária não brotaram do vento, ou da mão de Deus ou do amo.
Crônica publicada originalmente em O Livro dos Abraços (Editora L&PM, 1989), de Eduardo Galeano (3/9/1940-13/4/2015).
Direito de publicação cedido exclusivamente para esta edição.
Disponível em: <http://www.redebrasilatual.com.br/revistas/106/a-desmemoriauma-cronica-de-eduardo-galeano-5452.html>. Acesso em: 18 jan. 2016.
A partir das informações explícitas no texto, é possível inferir que o autor
(A) constata que alguns acontecimentos históricos que ele considerava importantes não são tão
relevantes como ele pensava.
(B) compreende que os Estados Unidos consideram a conquista pelos direitos trabalhistas algo já consolidado e que não requer lembranças.
(C) denuncia que fatos importantes nas lutas trabalhistas caíram no esquecimento, tanto do poder público quanto da população.
(D) relembra que o dia do trabalho não é uma data importante nos Estados Unidos, como é para os outros países do mundo.
Resolução:
Para responder à questão, o estudante precisa localizar no texto as informações que indicam a falta do reconhecimento, pelos Estados Unidos, dos mártires que lutaram pelos direitos trabalhistas.
O autor inicia o texto informando ao leitor sobre a quantidade enorme de fábricas e operários existentes na cidade de Chicago, e segue mostrando o estranhamento pelo fato do dia 1º de maio ter sua origem nessa cidade através da luta dos operários que lá foram enforcados, e não haver absolutamente nada na cidade que mostre esse acontecimento, nenhum monumento, nenhuma estátua, absolutamente nada, nada que recorde a origem dos direitos trabalhistas conquistados
Alternativa: C

35) (SIMULADO SARESP – 9º ANO)
     Era de fato a sua filha, mas qualquer coisa havia nela que era contra ele. O mestre José Amaro viu-a no passo lerdo, no andar de pernas abertas e quis falar-lhe também, dizer qualquer coisa que lhe doesse. ... Era a sua família. Uma filha solteira, sem casamento em vista, sem noivo, sem vida de gente. [...]
     O mestre José Amaro não quis ver a saída da filha. Emocionado, entrou em casa e o soluço da mulher cortou-lhe o coração. […] O mestre não pensava em nada. Havia dentro dele um vazio esquisito. Teve medo de voltar para dentro de casa. E ali mesmo, por debaixo da pitombeira, baixou a cabeça e chorou como um menino.
Analisando o excerto acima, infere-se que parte do conflito do pai em relação à filha pode se referir ao fato de que a moça
(A) era rebelde demais e planejou uma fuga de casa porque não vivia bem com a família.
(B) tinha algum problema que a impedia de levar uma vida normal para os padrões da época.
(C) deixou a casa dos pais por não conseguir conviver com as brigas do pai com a mãe.
(D) vivia os seus próprios sonhos, e esses sonhos eram diferentes daqueles que o pai tinha para ela.
Resolução:
É fundamental prestar atenção ao primeiro parágrafo, quando o pai aponta os problemas da filha: andava de forma estranha, lenta, não tinha namorado, etc. No segundo parágrafo, a tristeza do pai e da mãe em relação à saída da filha complementa o conflito pontuado no primeiro parágrafo: a moça tinha algum problema que a impedia de levar uma vida normal para os padrões da época.
Alternativa: B

36) (SIMULADO SARESP – 9º ANO)
SOJA
     O Brasil aumentou sua produção de soja em 250 vezes nos últimos 20 anos graças à introdução de técnicas agrícolas sustentáveis, melhor uso da terra e mecanização. Isso fez com que aumentasse a exportação de soja do país, e o Brasil é hoje um dos líderes mundiais na produção de soja.
     Ela não só traz muitas receitas para o país, mas ainda é acessível para os brasileiros.
     A mecanização é um dos principais fatores para tornar a indústria agrícola mais rentável. Máquinas pesadas, como tratores, têm ajudado a reduzir os custos do cultivo, mantendo baixos custos para os consumidores locais.
     O sistema de plantio direto usado em muitas fazendas de soja tem sido aclamado como um dos sistemas agrícolas disponíveis mais sustentáveis. Com este sistema, o solo não é arado antes da sementeira, o que ajuda a manter a estrutura e a ecologia do solo. Como resultado, o solo fica efetivamente fertilizado com a matéria orgânica da planta ao longo do ano, permitindo uma melhor retenção da umidade e dos nutrientes suplementares que serão adicionados novamente ao solo.
     Além disso, a rotação de culturas é praticada de modo que o solo tenha tempo para se recuperar entre as plantações. Este método torna possível plantar uma segunda colheita, como milho, no mesmo ano, o que maximiza o uso da terra e reduz ainda mais os custos.
PACKER. D. Culturas ecologicamente responsáveis e técnicas para cultivá-las. Disponível em: <http://www.responsabilidadesocial.
com/artigo/culturas-ecologicamente-responsaveis-e-tecnicas-para-cultiva-las/>. Acesso em:18 jan. 2015.
Sobre o setor agrícola brasileiro, o artigo traz um conjunto de
(A) medidas desejadas para que a produção brasileira de soja possa aumentar e se tornar sustentável.
(B) medidas tomadas pelos agricultores brasileiros para garantir uma produção crescente e sustentável de soja.
(C) medidas sugeridas para que a produção de soja seja suficiente para atender às demandas de exportação.
(D) medidas necessárias para que a produção de soja no país possa aumentar o suficiente para atender às demandas externas.
Resolução:
É preciso prestar atenção aos verbos nas possíveis respostas. As medidas no texto são as que já foram tomadas para proporcionar o aumento na produção, a sustentabilidade na lavoura de soja, e o atendimento das demandas internas e externas.
Portanto não são medidas desejáveis ou recomendadas. São medidas já tomadas, já implantadas pelos agricultores brasileiros produtores de soja.
Alternativa: B

37) (SIMULADO SARESP – 9º ANO)
     Só Neném existia para ele. […] Seu Lula só vivia para a filha. […] Depois Neném, a bela Neném de olhos azuis, tranças louras, toda sua, fazendo tudo o que ele quisesse, enchendo a casa-grande com o piano que com suas mãos era mais humano que nas mãos da mãe. Era Neném. Era a sua filha. E queria tomá-la, embalá-la nos seus braços. […] Tudo lhe dera, tudo arrancara de si para que a filha fosse o que fosse.
No excerto, observa-se que o sentimento do pai em relação à filha constrói entre ambos uma relação pautada
(A) na admiração do pai pela beleza da filha.
(B) no fanatismo do pai pela posse da filha.
(C) na cobrança do pai pelo amor da filha.
(D) no respeito do pai pelos talentos da filha.
Resolução:
É importante observar os detalhes da fala em relação à moça. Além de descrever sua beleza, o narrador descreve que o pai a admira porque ela fazia tudo o que ele quisesse. Fala do seu desejo de tomá-la e embalá-la nos braços como se fosse posse dele.
Alternativa: B

38) (SIMULADO SARESP – 9º ANO)
UM ROTEIRO SEGURA PARA NOSSAS ÁGUAS
     É preocupante que a maior parte das discussões sobre a crise no abastecimento de água em várias regiões do País continue a admitir – explícita ou implicitamente – que a solução virá, neste fim de ano, apenas com a “normalização” do regime de chuvas, principalmente em São Paulo, Minas Gerais e no Cerrado. Será preciso muito mais. Vai-se de susto em São Paulo. Pela primeira vez na história, a nascente do Rio São Francisco, na Serra da Canastra (MG), está “completamente seca” – e o rio também quase não recebe mais, ao longo de seus 2 700 quilômetros, água de seus tributários que nascem no Cerrado ou nele estão.
Podemos afirmar que o parágrafo apresentado é parte de um artigo de opinião, pois o autor
(A) informa sobre o problema da falta de água em várias regiões do Brasil e faz um alerta à população de que não poderá contar somente com o regime de chuvas.
(B) expõe o problema da falta de água em várias regiões do Brasil e argumenta que será preciso muito mais que o regime de chuvas para solucionar o problema.
(C) relata o problema da falta de água em várias regiões do Brasil e apela à população para que faça algo mais do que somente esperar que o regime de chuvas solucione o problema.
(D) narra o problema sobre a falta de água em várias regiões do Brasil e determina que há a necessidade de outras medidas além de aguardar o regime de chuvas.
Resolução:
Para responder à questão, o estudante precisa conhecer os elementos constitutivos de um artigo de opinião e identificar, no texto, a exposição e opinião do autor sobre o problema da falta de água em várias regiões do Brasil. Precisa também identificar a argumentação do tema, defendendo o ponto de vista do autor de que a solução não virá somente com o regime de chuvas.
Alternativa: B

39) (SIMULADO SARESP – 9º ANO)
COMO É MESMO?
                                          – Quem vende leite é leiteiro.
                                          Quem vende livro é livreiro,
                                          e sorvete, sorveteiro.
                                          Quem vende carne é carneiro?

                                        – Não é não! É açougueiro.
                                          – Quem vende pão é padeiro,
                                          e pipoca, pipoqueiro,
                                          e verdura, verdureiro.
                                          Quem vende sal é saleiro?
                                          – É comerciante, vendeiro.
O raciocínio do enunciador do poema não deu certo com as palavras CARNE e SAL, que não seguem a regra das demais profissões apresentadas no poema. O raciocínio de derivação de substantivos aplicado no poema só daria certo com as palavras
(A) mensagem e carta.
(B) cozinha e quitanda.
(C) fazenda e banco.
(D) pastel e dólar.
Resolução:
É preciso analisar a regra aplicada ao poema: -eiro é alguém que vende alguma coisa. A partir daí, é preciso analisar cada grupo: um mensageiro e um carteiro não vendem mensagens e cartas; um cozinheiro e quitandeiro também não vendem cozinhas e quitandas; um fazendeiro e banqueiro não vendem fazendas e bancos. Assim, o único grupo que segue a regra de derivação aplicada no poema é o composto pelas palavras pastel e dólar. Pasteleiro e doleiro vendem pastéis e dólares.
Alternativa: D

40) (SIMULADO SARESP – 9º ANO)
O CÂNTICO DA TERRA
                                   Eu sou a terra, eu sou a vida.
                                   Do meu barro primeiro veio o homem.
                                   De mim veio a mulher e veio o amor.
                                   Veio a árvore, veio a fonte.

                                   Vem o fruto e vem a flor.
                                   Eu sou a fonte original de toda vida.
                                   Sou o chão que se prende à tua casa.
                                   Sou a telha da coberta de teu lar.
                                   A mina constante de teu poço.
                                   Sou a espiga generosa de teu gado
                                   e certeza tranquila ao teu esforço.
                                   Sou a razão de tua vida.
                                   De mim vieste pela mão do Criador,
                                   e a mim tu voltarás no fim da lida.
No poema de Cora Coralina, a figura de linguagem que predomina no texto é a
(A) prosopopeia, a própria terra nos fala como se fosse uma pessoa.
(B) metáfora, pois temos o emprego de uma palavra significando outra.
(C) antítese, porque existe o uso de palavras com sentidos opostos.
(D) pleonasmo, uma vez que existe repetição de termos reforçando seu significado.
Resolução:
É preciso observar o eu-lírico do poema: quem nos fala é a terra. Ela nos fala como se fosse uma pessoa. Assim, a figura que predomina é a personificação, também conhecida como prosopopeia.
Alternativa: A

41) (SIMULADO SARESP – 9º ANO)
     Algumas pessoas prejudicam outras e pedem perdão, que pode ser aceito ou não; mas há algumas atitudes em que o único prejudicado é você mesmo. Se você vive apontando seu dedo indicador constantemente para seu próprio nariz, cuidado!
     A culpa varia de acordo com crenças e valores que cada um traz consigo desde a infância, e que muitas vezes não corresponde mais aos valores e crenças atuais. Culpa, remorso, arrependimento, são inimigos constantes de algumas pessoas e trazem junto humilhação, vergonha, o medo e a maior consequência: a autopunição.
     Perdoar a si mesmo talvez seja um dos maiores desafios, pois está relacionado com a capacidade – e leia-se também dificuldade – que cada um tem de se amar e se aceitar. As pessoas não se amam por acreditarem terem feito algo muito terrível, às vezes isso até corresponde à verdade, mas muitas vezes não.
-a-perdoar-a-si-mesmo-7-1-6-474.html>. Acesso em: 16 fev. 2016.
No texto, o autor enfatiza que a falta de perdão gera culpa e a culpa gera autopunição. Para enfatizar a necessidade de superar a culpa, o autor utiliza algumas formas verbais na
(A) voz ativa, porque o sujeito pratica a ação indicada pelo verbo.
(B) voz passiva sintética, porque o agente não costuma vir expresso.
(C) voz reflexiva, porque o sujeito pratica e recebe a ação indicada pelo verbo.
(D) voz recíproca, porque há dois sujeitos que são agentes e pacientes um do outro.
Resolução:
É preciso ter conhecimento sobre as vozes do verbo. A partir daí, é possível identificar que as construções são feitas em torno da voz reflexiva.
Quando o autor afirma que é preciso superar a culpa, ele fala na necessidade de perdoar a si mesmo, se amar, se aceitar. São formas verbais na voz reflexiva (o sujeito pratica e recebe a ação indicada pelo verbo).
Alternativa: C

42) (SIMULADO SARESP – 9º ANO)
TEXTO 1
     Atelectasia é um colapso total ou parcial do pulmão ou do lóbulo pulmonar, que acontece quando os alvéolos (pequenos sacos pulmonares) se esvaziam.
     Esta é uma das complicações respiratórias mais comuns após cirurgias. Ela também pode surgir em decorrência de outros problemas na respiração, tais como inalação de objetos estranhos, tumores pulmonares, água no pulmão, asma severa e ferimentos no peito.

TEXTO 2
     Ao contrário do que alguns possam pensar, o colapso do socialismo reformista na Grécia não é um caso único na Europa e vale a pena tirar algumas ilações desse afundamento em alguns países. Por outro lado, a democracia na Europa está gravemente doente, e a vitória do Syriza abriu uma janela de oportunidade para se mudar o status quo.
Disponível em: <http://www.publico.pt/mundo/noticia/o-colapso-socialista-ademocracia-doente-e-as-licoes-gregas-1686438>. Acesso em: 16 fev. 2016. Adaptado)
Analisando os sentidos da palavra “colapso” nos dois textos, constata-se que
(A) na área médica, o termo é usado significando uma espécie de depressão, enquanto que na sociologia significa uma espécie de proibição.
(B) na área médica, o termo pode ser substituído pela palavra queda, enquanto que na sociologia ele pode ser substituído pela palavra bloqueio.
(C) tanto na área médica quanto na sociologia, a palavra em foco pode ser substituída pela palavra queda, sem alterar o sentido original de cada sentença.
(D) tanto na área médica quando na sociologia, o sentido da palavra em foco está relacionado à ideia de um mal funcionamento que gera uma crise ou falência.
Resolução:
É importante identificar o significado do termo colapso em cada um dos textos. É preciso observar que no primeiro texto o termo se refere a um mau funcionamento do pulmão, mas não há uma queda. Há uma diminuição da atividade, um bloqueio, até mesmo uma falência. No segundo texto, o termo está mais relacionado à ideia de falência, de quebra de um sistema. Portanto, tanto na área médica quanto na sociologia, o termo colapso carrega um sentido de mau funcionamento, um funcionamento que gera uma crise, uma falência (tanto do órgão quanto do sistema).
Alternativa: D

43) (SIMULADO SARESP – 9º ANO)
De acordo com o gráfi co do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística), a mulher brasileira, em 1970, tinha em média
(A) 5,8 fi lhos. Trinta anos depois a taxa decresce para 2,3 fi lhos.
(B) 6 fi lhos. Trinta anos depois decresce para 2,9 fi lhos.
(C) 5,8 fi lhos. Trinta anos depois cresce para 6,2 fi lhos.
(D) 6,2 fi lhos. Trinta anos depois cresce para 6,3 fi lhos.
Resolução:
Para responder corretamente à questão, o estudante precisa fazer uma leitura correta do gráfico, localizando o ano de 1970 e sua respectiva taxa de fecundidade no Brasil. Em seguida, o estudante deve localizar o ano 2000, que corresponde a trinta anos depois dos anos 70, e localizar sua taxa de fecundidade. A solução exige que o estudante entenda o significado da palavra decresce (diminui) para que ele compreenda corretamente
a relação entre os dados no gráfico e o que é exposto nas alternativas.
Alternativa: A

44) (SIMULADO SARESP – 9º ANO)

TEXTI 1

TEXTO 2
CASTIGO
Dolores Duran
A gente briga, diz tanta coisa que não quer dizer
Briga pensando que não vai sofrer
Que não faz mal se tudo terminar
Um belo dia a gente entende que ficou sozinha
Vem a vontade de chorar baixinho
Vem o desejo triste de voltar
Você se lembra, foi isso mesmo que se deu comigo
 
Eu tive orgulho e tenho por castigo
A vida inteira para me arrepender
Se eu soubesse
Naquele dia o que sei agora
Eu não seria esse ser que chora
O quadro de Picasso e a canção de Dolores Duran retratam o sofrimento da mulher, que pode ser identificado em ambos os textos
(A) pela angustiante lembrança de um amor distante.
(B) pela resignada atitude das mulheres.
(C) pelo intenso confl ito interno das mulheres.
(D) pelo triste choro das mulheres.
Resolução:
Para responder à questão, o estudante precisa identificar o assunto tratado nos dois textos: o sofrimento de uma mulher. O quadro cubista de Picasso retrata uma mulher chorando e, pela expressão dos olhos e a falta de cor (utilização do preto e branco) na região que escorrem as lágrimas, nota-se perfeitamente seu sofrimento identificado pelo seu choro. No segundo texto, o sofrimento da mulher culmina pela vontade de chorar baixinho: começa pelas brigas, seguidas das ofensas, até que se dá conta de que está sozinha. Então, ao tomar consciência de sua nova situação, sofre e expressa esse sentimento através da vontade de chorar baixinho.
O choro novamente presente.
Alternativa: D

45) (SIMULADO SARESP – 9º ANO)
     [...] Por que insistimos em penalizar os consumidores pela questão ambiental quando sabemos que eles apenas compram o que é produzido? Por que colocamos sobre as costas dos indivíduos todo o peso de um trabalho que deveria estar sendo feito pelos grandes conglomerados industriais? Por que culpamos os cidadãos quando deveria ser o Estado brasileiro o verdadeiro fiscalizador e regulador de linhas de produção que agridem o meio ambiente dia e noite? São os consumistas os culpados?
     [...] Apesar disso, concordo com os ambientalistas que nossa sociedade está criando um sério problema ambiental para si. Não há como continuar no mesmo ritmo. Falta Planeta. Mas será que a solução é incentivar a diminuição do consumo, em geral, sempre do Outro? Afinal, como construir um discurso legítimo e eficaz que convença milhares de brasileiros que só agora, depois de séculos, puderam comprar o primeiro carro que o legal é andar de bicicleta?
     Enfim, enquanto os culpados forem os Outros, vai faltar brejo para tanta vaca.
O texto afirma que cada vez mais o homem destrói o planeta, mas defende que a causa principal desse problema é o fato de que
(A) os consumidores estão mantendo um ritmo de consumo que não pode ser mantido sem causar problemas ainda mais sérios para o planeta.
(B) os modelos de produção precisam ser repensados e o Estado brasileiro precisa atuar como um fiscalizador e regulador das linhas de produção.
(C) os produtores estão produzindo apenas para suprir a demanda dos consumidores, e o Estado é incapaz de interromper esse ciclo.
(D) os ambientalistas não têm sido capazes de promover ações eficazes no combate ao consumismo que destrói o meio ambiente.
Resolução:
A questão solicita que o estudante reconheça que se trata de um texto argumentativo. A tarefa de leitura proposta consiste na localização de ideias e na compreensão delas ao longo do texto, para sintetizá-lo. O artigo, em linhas gerais, defende a ideia de que o homem cada vez mais detona o planeta, e que o senso comum determina que o maior culpado é o consumidor que busca nas compras que realiza um tipo de bem-estar. O autor argumenta que não devemos nos contentar com esse argumento, e sim questionar os fabricantes que produzem exacerbadamente e o Estado que não toma posição no assunto, e que deveria ser um regulador e fiscalizador das linhas de produção. Enquanto não houver uma tomada de consciência real do problema, a humanidade continuará consumindo freneticamente, e o planeta é que pagará a conta.
Alternativa: B